sexta-feira, 29 de maio de 2009

tudo de novo

Então elas me revistam. Esvaziam meus bolsos de qualquer alegria que estivesse carregando aqui. A Depressão chega a confiscar minha identidade; mas ela sempre faz isso. Então a Solidão começa a me interrogar, coisa que detesto, porque sempre dura horas. Ela é educada, mas implacável, e sempre acaba me encurralando. Pergunta se eu acho que tenho algum motivo para estar feliz. Pergunta por que estou sozinha esta noite, outra vez.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

tenho dito

E daí que tenho entendido cada vez mais que fazer o bem para os outros é fazer o bem a si mesmo. (!) Aí, ando matutando que preciso me esparramar em uma atividade que, ao ajudar alguéns, me ajude a abrir aquele meu sorrisão com mais frequência.

Foi quando um anjinho (lindo!) colocou no meu caminho o link abaixo:
www.voluntariado.org.br

Basta digitar seu CEP e terá um monte de links de instituições que estão pertinho de você e que você pode (e deve) ajudar. E dá pra você, inclusive, filtrar a busca de acordo com coisas que se identifiquem contigo - artes, cultura, saúde, meio ambiente...

Eu já estou de olho em uma maneira de ajudar os outros e ME ajudar...

E você?
Mas em meio a este terrível sofrimento, esta doença, este cansaço, este medo, ainda me movo: restam todavia a bênção do mundo natural e dos seres amados e tudo o que há para ler e ver.

Sylvia, a Plath
Decidi que vou redecorar... Em breve, novidades.

A brincadeira é simples: passam os carros e Laura repara nas placas. Se o carro é paulista, ganha um ponto; se é paranaense, ganha dois; e se é de Londrina, ganha os dois por ser paranaense e mais três de lambuja. Onde quer que esteja - no ônibus, no carro, na rua - seus grandes olhos correm atentos pelas letrinhas minúsculas atrás de pontos pontos pontos.
E quando encontra os carros de Londrina, além da felicidade pelos pontos a mais, sente que é como se conhecesse o motorista e quem o acompanha. Tem vontade de dizer olá, acenar, abraçar, perguntar alguma coisa sobre a terrinha - seria uma maneira interessante de desovar a saudade que sente de casa.
O legal é que, só hoje, Laura já acumulou 100 pontos, dos quais 15 são os mais bonitos. E o dia ainda não está nem no meio! Que sorte a de Laura...

terça-feira, 26 de maio de 2009

conselho dado...

Então sinta saudade. Mande um pouco de amor e de luz sempre que pensar nele, depois esqueça.

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... conselho aceito.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

li Cordilheira e depois Comi Rezei Amei...

- Um dia alguém teve uma puta sacada, arranjou uma grana e colocou 17 romancistas em aviões para 17 destinos diferentes. (É o tipo de ideia que eu gostaria de ter tido primeiro) O porquê? Eles deveriam buscar material em cidades como Buenos Aires, Dublin, Sidnei e tantas outras para escrever sobre o amor. Dos mais diferentes e exóticos aos mais simples e maternos - o amor. Amores Expressos é o nome da coleção e o primeiro filho a ser publicado foi Cordilheira, de Daniel Galera. Perdas, encontros e desencontros são as matérias-prima para a obra. Até aí, nada de novo, mas não pense em clichê, pois ele não teria espaço aqui. O livro faz refletir sobre os limites nem sempre definidos entre vida e arte - uma sobreposição elegante, mas que pode ser um impasse. Esse é o caso da personagem central, a escritora que vai a Buenos Aires falar sobre sua obra em uma feira e aproveita pra passar um tempo na cidade. No seu caminho pra conhecer tudo e se livrar de uma avalanche depressiva que a assola, a escritora conhece um grupo de autores lunáticos que se encarregam de dar formas aos personagens centrais de seus livros. A história toma um rumo inimaginável (ponto pra Galera!), abafada por um final pouco interessante. Mas nem por isso deixo de concordar que a maneira como o autor amarra as pontas dessa maluquice toda é de se chamar a atenção. Da leitura de Cordilheira, levo a vontade de escrever um romance o mais depressa possível. Resta saber onde estão as pontas, como fazer para amarrá-las e descobrir quem, além da minha mãe, leria um livro meu... (Ouvi dizer que vai virar filme!! Aposto em Leandra Leal para o papel central!).

- Falando em amarras e romance, minha outra leitura é Comer Rezar Amar, de Elizabeth Gilbert. Não é de hoje que me recomendam este livro. É que costumo ter um pé atrás com livros que venderam zilhões e que são uma história real narrada em primeira pessoa - tudo muito didático e expositivo (gosto dos requintes que a ficção oferece). Mas alguma coisa me puxou pra ele esses dias. E nada é por acaso. Uma vez que li o primeiro dos 108 capítulos não parei mais. É basicamente assim: depois de intensas crises de choro, Liz simplesmente resolveu aceitar sua condição - tinha 34 anos, não queria ter filhos e não queria mais estar casada. Sofreu horrores, se apaixonou no meio ao divórcio (tudo fácil!), e, ao invés de recorrer a remédios para depressão, resolveu tirar um ano para viajar e buscar o equilíbrio que lhe faltava. Itália, Índia e Indonésia são os destinos escolhidos - uma jornada para Comer Rezar Amar. Ao dialogar consigo mesma, Liz coloca um espelho na frente de seu leitor e, enquanto lemos, é possível nos vermos em situações e questionamentos parecidos, sempre em busca de um equilíbrio que parece tão improvável, de um amor próprio que tantas vezes nos escapa. O mais interessante é que não precisei viajar pelo mundo, aprender italiano e praticar ioga e meditação pra descobrir que o melhor que podemos fazer com relação a nosso mundo incompreensível e perigoso é praticar o equilíbrio interno - por maior que seja a insanidade que exista do lado de fora.


- O que há de semelhante entre Cordilheira e Comer Rezar Amar? Bom, depois de ler os dois, fiquei com muita vontade de tomar uma cerveja com Galera e sentar pra conversar Liz...

sábado, 23 de maio de 2009

a dica do final de semana

Se você gosta de palavras, dicionários e combinações de frases e de degustar isso tudo em idiomas improváveis, leve toda sua atenção ao cinema quando for ver Budapeste. Mas anote: preste toda atenção aos versos desse filme admirável, que só não é mais bonito que o livro que o originou. Budapeste é sensível, denso, poeticamente complexo - como quase tudo que nasce de Chico Buarque. É um presente do diretor Walter Carvalho e da roteirista Rita Buzzar pra você, pra mim.
Se na leitura do livro eu já havia apreciado a sutileza com que a história é tratada, no filme, toda essa sutileza toma forma nas mãos da direção de fotografia, que é surpreendente. A Hungria não estava na minha lista de lugares a serem conhecidos, e agora está. Tudo culpa das belas imagens da amarelada capital húngara mostradas no longa. Há outras surpresas também, entre elas o ator Leonardo Medeiros. Não imaginei que aquele cara da novela das oito poderia absorver o José Costa de Chico com aquela capacidade cênica simples.
Juro que assisti o filme com um sorriso de canto de boca constante e uma satisfação ímpar por poder ver cada umas daquelas palavras pinçadas por Chico, Rita e Walter materializadas na telona... Tudo isso em escalada até o momento sutil do "poesia é pra se devorar, como o amor". É, claro, que nem tudo são flores, porque acho que essa escalada do filme acaba com o final, maluco demais e pouco poético. Destoa da combinação ...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

aventuras dela

A única coisa que Laura gosta em seu trabalho é de ficar ao telefone, porque é quando conversa com os jornalistas das grandes redações. Repórteres que beiram rios de aventura e quase caem em abismos de histórias praticamente impossíveis de serem comuns. Muitos deles, os abençoados, presenciaram coisas bizarras, bonitas, nojentas e surreais e são protagonistas de algumas histórias que Laura carrega em seu caderninho (que ninguém nunca viu). Coisas lindas de imaginar...
Quando ela liga pra um antro de jornalistas pedindo pra falar com Fulano, gosta do passa-pra-lá-e-pra-cá do telefone. O Beltrano fala com o Siclano que encontra o Fulano depois de uns minutos. Enquanto o telefone viaja por tantas mãos, ela ouve bem lá no fundo aquele burburinho misturado com sons de teclas das máquinas de escrever modernas, notícias sendo escritas em tempo real, e tudo que está no cardápio da parte verdadeira da profissão. Sente uma pontada de inveja por não estar nesse universo. Mas seus sentimentos transbordam além - olhar de longe é melhor do que pode imaginar.

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Essa é Laura. De hoje em diante eu não vou desgrudar dela-ura.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

I'm in love with how you feel
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oração da manhã

Ando desatinada da vida com o que está fora de controle, o que me escapa das mãos. Grito, mas ninguém ouve. Choro, mas não há acolhida. O que vem por aí me dá um frio gelado na barriga e na testa, esquenta minhas mãos e faz tremer os meus medos.
O jeito tem sido juntar toda minha fé espalhada pra ter forças. Vai dar t-u-d-o certo, não é?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

mãe é mãe

e eis que no meio da mutirão de coisas chatas pra fazer, recebo o email mais doce de todos os tempos:

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De: maria aparecida pinto
Enviada em: quinta-feira, 14 de maio de 2009 17:37
Para: Verena Ferreira
Assunto: SAUDADES

Oi, filha! já tô com saudades....Vc está bem? escute um conselho de MÃE: SEJA FELIZ, filhota.
TE AMO

mãe

quarta-feira, 13 de maio de 2009

E então você se esparramou pelo meu sonho mais uma vez, noite passada. Quieto e sorrateiro, arrancou de mim mais uma dúzia de lágrimas, como pai nenhum faz com um filho. Agora eu pergunto: quando você vai se cansar de colecionar minha tristeza? Além disso, desconfio que cansei de colocar a mesa para comer sozinha. Você não responde meus emails, não atende o telefone ou responde às mensagens. Tento fazer as coisas parecerem menos doídas, mas nada funciona. Decidi que já esfolei demais os pés nessa dança. E pensar que a tendência é piorar...
Se ao menos o meu mundo não estivesse desmoronando e eu não estivesse fazendo nada. No trabalho não enxergo gentileza; em casa, não há tempo; no coração falta pa-ciência.
A sensação que tenho é de estar plantando um oco com relação a você, a mim e a tudo que me cerca. Tento tornar a vida palpável, mas não consigo.
Eu preciso dar um jeito no caos que eu sou.

terça-feira, 12 de maio de 2009

notas do fim de tarde

- O que fazer quando sua lista de livros já passou da célula 489 do Excel; sua seleção de filmes a serem vistos já bateu a casa dos 56 e as suas pendências de trabalho se acumulam linha após linha do seu caderninho batido (sem dar tempo de riscá-las da sua frente)?
Respostas para: verenaferreira@yahoo.com.br

- Só me restam uns dois fiozinhos de paciência com o que sou hoje. Tudo me irrita e meus olhos se enchem de lágrima ao menor sinal de falta de gentileza e de justiça das pessoas.

- O que me consola é que meu livro do momento está MUITO empolgante. A vontade de ficar derramada na cama devorando cada uma daquelas linhas com todos os dentes é imensa. Não seria nada mau pegar uma gripe pra ficar em casa comendo, rezando, amando. Ok, brincadeira!

- Sinto vontade de entrar de férias tipo amanhã, às 8h. Ou melhor, AGORA. Ainda bem que minhas passagens estão compradas (!!!). Se eu tiver sorte, arrumo um emprego maravilhoso em uma galeria de arte em Buenos Aires ou em uma escola de literatura para brasileiros que estão em Santiago. Junho venha logo!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sem paixão não se chupa nem um Chicabom **

Muita coisa já não serve ao gosto que se afina. Buscar leveza tem sido um esporte, mas tem indecisão. Tenta descansar os ombros e equilibrar os pés, mas tudo traz um desconforto doído, suado. Perseguir a paz também tem sido recorrente, mas já não consegue dormir.

Pensa que não existe nada melhor que tomar distância das coisas, olhar de longe, espiar e ajeitar a vida. Mas não tem conseguido fazer isso. Tem hora dói, tem hora passa e assim por diante. Tem hora sente que precisa, tem hora aparece a certeza de ficar sozinha. Tudo nebuloso, escuro, esfumaçado. Outras dores parecem pequenas.

Na corrida para fugir da ameaça do soluço eterno, busca uma resposta acessória. O silêncio olha sempre no fundo dos seus olhos e lhe joga mais de suas dúvidas. E o coração? Anda monotemático.

Pre-ci-sa se acalmar.

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** Frase de Ernesto Sábato

sexta-feira, 1 de maio de 2009

E daí que no Dia do Trabalho, falta trabalho. A tecla F5 virou clichê, mas nada acontece no mundo, a não ser a minha vontade de dormir, de ser mais feliz e de decidir algumas coisas.
Pra ajudar, espio o relógio de hora em hora, mas ele não quer ser meu amigo nem andar depressa.
Mas algumas coisas fazem compensar a agonia:

- dentro de algumas horas, vou encontrar pessoas que sabem quem eu sou, só de me olhar. não vou precisar fazer tipo, nem medir palavras, nem pisar em ovos ou ser corporativamente paulistana.
- a gente vai ver mais uma amiga casar (!).
- vai ter sorrisos, bebidas, narguile, lembranças, violão (se tivermos sorte), fotos inúteis, dancinhas especiais e novidades...


Eu caio no suingue é pra me consolar...