domingo, 29 de novembro de 2009

pra falar de amor




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"e porque leio romances e se vejo filmes de amor pra chorar e amar o amor que decidiram que eu devo querer pra mim"

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Por que ver Arrufos, do grupo XIX de Teatro:
- porque a peça fala de amor e amor é universal
- porque a peça é de verdade, palpável, humana e o texto é sincero, simples e remexe com lembranças.
- porque eu tô dando 4 estrelinhas (embora Hysteria, também desse mesmo grupo, tenha recebido 5 estrelinhas e é top do repertório deles ainda)

ps - se você não gosta de teatro interativo, é melhor que não vá. Os atores fazem do público personagem de cada uma das cenas.



Arrufos
Local: Espaço dos Fofos (R. Adoniran Barbosa, 151)
Quando: Sex a dom: até 13/12
R$ 30 - justos e bem gastos pra falar de amor.


O que você tá esperando. Eu comprei o meu aqui ó

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

déjà vu

E daí que, hoje, enquanto eu dormia, uma gota de tristeza desobedeceu a gravidade e caiu em cima de mim. Despejou-se de um jeito bem forte no meu ombro e escorreu pra dentro do meu coração. Depois, levantei várias vezes do sono sentindo uma dor bem pesada rasgando meu peito, a boca seca, o sangue fervendo, o oxigênio sumindo de mim.
Abri a janela, mas não passou.
Andei pela casa, mas não passou.
Olhei no espelho e não passou.



Pra onde eu olho agora?

sábado, 21 de novembro de 2009

sábado 20h46

É... que eu já sei de cor qual o quê dos quais e poréns, dos afins -- pense bem ou não pense assim. Eu zanguei numa cisma, eu sei, tanta birra é pirraça e só, que essa teima era eu não vi e hesitei, fiz o pior.
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Chorei.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

e se?

Imagine ter a resposta para todos os anseios? Imagine sofrer menos com a não-persistência de um sentimento bom? Imagine ouvir só o que se quer ouvir? Imagine importar-se menos com as coisas não ditas e com as atitudes não tomadas? Imagine ter certeza toda vez que se está indeciso com relação a alguém que, se pensa, especial? Imagine concentrar menos expectativas nas presenças e dar mais paciência às ausências?

É quando dá pra perceber que todo sofrimento é doído, mas é bonito., porque nos presenteia descobertas. E é quando se descobre que dá pra sorrir enquanto se encrava a unha nas palmas das próprias mãos e se tenta decifrar o "e se?"

Só resta respirar e cantar a melhor canção que se pode dedicar à ocasião.

E sou eu percebendo que tudo isso pode ser (ou foi?) apenas uma coisa passageira.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

do dia

Olhando para o acumulado de copos de café descartáveis no meu lixo, escolho levantar a cabeça que pende, com sono e agitada com o número exagerado de informações novas.
É porque, às vezes, cansa. Conhecer, ler, saber de tudo - cansa.
Daí que junto toda a preguiça dos meus ossos, pernas, mãos, cabelos e unhas e deixo pra lá. Decido concentrar pensamentos em algumas vontades bem especiais: a de que o feriado chegue logo, a de que o ano acabe logo, a de que o frio na barriga passe em breve, a de que o novo ano venha cheio de coisas boas.
Amém.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

eu carpinejo, e vc?

"Amor é quando a gente conta o que está acontecendo para todo mundo e o segredo nunca se esgota".
de @CARPINEJAR

Um verbo

Conjuga um verbo que conheças
no presente do indicativo,
soletra-o na segunda pessoa
do singular ao meu ouvido,
dá-me qualquer coisa
que me pareça eterno.

José Rui Teixeira

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dá-me qualquer coisa que me pareça eterno...

(pausa para um suspiro)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

lacuna

Adorava clichês - mais que qualquer ser humano. Há dias imaginava o momento em que a paixão chegaria novamente e se sentaria ao seu lado, convidando-a para dançar, dar-lhe as mãos em um passeio inesquecível, levá-la para ver o mar, o céu, as estrelas. Mais de uma vez, a paixão esteve por perto, mas foi embora desavisada. Melhor assim? (Sofre com isso).
Sem sintoma aparente, conservou a esperança de que ainda vai revê-la de um jeito nada efêmero e ela vai despertar sua mente para todos os melhores clichês, preencher os vazios de seu coração e levá-la ao lugar dos que amam em qualquer lugar e hora.
Por isso, que viessem os encontros breves e inesquecíveis. Que viessem as mãos suadas pelo calor intermitente da pele, os joelhos trêmulos, a preocupação com a direção do olhar. A escolha da melhor frase, o cuidado em falar de passados e futuros, a palpitação do coração querendo pular pra fora antes do fim. Que fossem bem-vindos os beijos imediatos e intermináveis, os perfumes e os abraços milimetricamente esperados, os sorrisos por qualquer coisa dita, o despudor em sentir, o carinho com cada detalhe do dia, da roupa, do brilho nos olhos.

Mas permanecia uma lacuna.
Enquanto isso, ela mantem seu próprio caderno de clichês.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

um amor assim tão delicado

Quanto de abismo e amor existe nessa relação? Qual é a proporção? Nunca soube dizer. Por isso mesmo, minha mãe é um desses mistérios delicados de revelar. Eu já sabia que a amo incondicionalmente, claro. Mas posso dizer que tenho reforçado meu amor por essa mulher de cabelinhos negros e curtos, franjinhas cativantes, olhar mendigo de carinho e um abraço de acalmar tempestades.
Morar longe dela me deu mais paciência para desvendá-la, descobri-la, interpretá-la, admito. Quando ficamos próximas, como nesse final de semana, percebo o quanto, de fato, eu amo essa mulher. Amo de um amor de temperatura alta, cheio de graça e bom humor. Como todas as vezes em que nos encontramos, ela me abraçou, me perguntou se fui bem de viagem e me levou pra comer alguma coisa "porque não tinha almoçado e esse calor não é brincadeira, filha". Simples, assim. E eu a amo, de graça.

Ela tem a linda mania de me chamar de "minha filha". Não "filha", mas "minha filha" , como se fosse preciso reforçar que eu sou dela mesmo. Adoro essa mania.
Nesse final de semana, ela mal podia se conter por ter as três crias juntas, debaixo de sua asa recém-sarada, escondendo cicatrizes de um passado ainda tão recente, tão doído. Aliás, impressiona-me como seu sorriso fica mais largo quando estamos reunidas. Exibia-nos com paixão para todos. Em vários momentos, só fazia nos olhar atentamente, agradecendo a Deus por tanta felicidade de ter-nos ali e achando tudo mais lindo porque éramos 4 e não 3, 2 ou 1. E eu tenho cada vez mais facilidade em atender qualquer pedido dela, simplesmente porque ela é toda doação. Por que eu não seria também?
Agimos diferente em muitas situações, claro. Discutimos, divergimos como qualquer mãe e filha. Mas o que importa é que sua capacidade de se emocionar com pouco e sua sensibilidade para entender tudo com um olhar estão no meu DNA. Quem dera eu tivesse metade de suas fibras também, para dar conta do tranco que insiste em me manter alerta diariamente.
Chuva? Sol? Tempestade? Dúvidas? Dor de estômago? Por vezes, eu não sei como aliviar, mas ela sabe. A única certeza que tenho é que ela estará no horário combinado, na rodoviária, me esperando para me dar aquele abraço exagerado. E eu me sinto tão bem quando estou nos braços dela...

domingo, 8 de novembro de 2009

abre aspas

Por vezes, à beira-mar, no perpétuo movimento das águas e no eterno fugir do vento, sinto o desafio que a eternidade me lança. Pergunto-me então o que vem a ser o tempo, e descubro que não passa do consolo que nos resta por não durarmos sempre. Miserável consolo que só os Suíços enriquece…

Noites há, em que, sentado à lareira, no quarto mais resguardado de todos, sinto subitamente a morte cercar-me: no fogo, nos objectos pontiagudos que me rodeiam, no peso do tecto e na massa das paredes; na água, na neve, no calor, no meu sangue. Pergunto-me então o que vem a ser a nossa muito humana sensação de segurança, e percebo que não passa de um consolo para o facto de a morte ser o que há de mais próximo à vida. Pobre consolo, que não cessa de nos recordar o que desejaria fazer-nos esquecer!

Decido encher todas as minhas páginas em branco com as mais belas combinações de palavras que seja capaz de engendrar. E depois, porque quero assegurar-me que a vida não é absurda e não me encontro só sobre a terra, reúno todas num livro e ofereço-o ao mundo. Este, retribui-me com a riqueza, a glória e o silêncio. Mas não sei que fazer com este dinheiro nem que prazer tirar de contribuir para o progresso da literatura, pois só desejo o que jamais obterei — a certeza de que as minhas palavras tocaram o coração do mundo. É então que me pergunto o que vem a ser o meu talento, e descubro que não passa de urna forma de me consolar da solidão. Risível consolo — que apenas me torna cinco vezes mais pesada a solidão.

stig dagerman
a nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer
versão de paula castro e josé daniel ribeiro
fenda edições
1989

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Eu sobrevivo e atinjo algum ponto, eu me apronto pro dia seguinte. Escovo os dentes, abro a porta da frente, evito a foto sobre a mesa e ninguém aqui vai notar que eu jamais serei a mesma...

minha herança...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

doença grave

Existe uma síndome do coração inquieto? Se sim, Laura a tem no grau máximo de cronicidade. O prognóstico é feito em qualquer hora do dia. Todas as manhãs, seu coração demora a acreditar que a saudade acumulada de ontem não passou. Às tardes, sofre com uma taquicardia absurda para que as horas passem mais rápido. De noite, junta as mãos no peito em vigília para que seu coração se aquiete, seu sangue sossegue nas veias e sua respiração recupere o fôlego.
E cai no sono tentando entender o que nenhum médico e nenhum exame físico conseguem compreender: a síndrome do coração inquieto - que chega e mansinho e ainda não tem cura.

e a trilha sonora de hoje é: