domingo, 30 de maio de 2010

E quando você tem a impressão de que fala fala fala e nignuém parece te entender? É assim essa manhã de domingo: com gosto de café amargo e pão na chapa frio.
Tomara que o dia melhore.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

pra viver um grande amor

"Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
(...) Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
(...) Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor".


Vinicius de Moraes

(O Melhor de Vinicius de Moraes, p. 25)


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Fica aí a dica! ;)

domingo, 23 de maio de 2010

o vento vai dizer

O vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz.
Só de encontrar

segunda-feira, 17 de maio de 2010

toc toc toc

Oi, pai
Estou escrevendo para saber se você está bem, se já fez os exames do coração, se parou de fumar e se está maneirando no trabalho e na gordura dos alimentos. Se você já fez aquele puta cruzeiro brega que tinha vontade e, se sim, recomenda? E sua mulher? Já se curou da bulimia e, se sim, já conseguiu engravidar?
Quero saber se você já aprendeu a ser mais macio com as palavras e, nesse caso, se já pensou no tempo que está perdendo com essa atitude teimosa de querer tão longe quem te quer tão bem. Seria bom ainda se você me contasse se a morte da menina Isabela faz algum sentido e se é certo crianças terem câncer ou qualquer doença doída pra chuchu. Me diz também: a saudade tem cura? Se sim, onde está guardada?
E, entre outros "ses", escrevo para te encontrar na minha memória. Afinal, você já está virando um simples fiapo de solidão aqui.
Espero que esteja bem.
Com amor,
Sua filha.

jeito de dizer eu te amo (1)

parada brusca:

Minha eterna e querida flor,

bate um vento nos cabelos dela - aquele friozinho típico do outono na avenida. é fim de dia.

Entre uma crise de consciência e outra de enxaqueca, hoje, escolho dizer que meu amor por você transbordou de mim. Escorreu pelos meus dedos. Escapou do meu controle. Fugiu da minha sensatez. Não sei se já te disseram e se você faz uma ideia disso, mas, quando isso acontece, fica difícil encontrar o fio da meada e trabalhar, andar, caminhar, pegar o ônibus, ler um livro ou escutar uma piada sem pensar-naquela--pessoa.

No caso, vo-cê.

segura na nuca dela. ela nada diz, pra não correr o risco de perder uma sílaba da boca dele.

E mais: pensei na imensidão de um amor insensato e imenso como esse. Bom, tudo preto-no-branco posso afirmar que isso acontece, de verdade verdadeira, poucas vezes com o sujeito. Na real: muita gente acha que é possível transbordar-se por aí, amando um e depois o outro... A equação é simples: pouca gente sente a 'parada' de verdade, no duro.

ela quase ouve um fundo musical. brota um fio de sorriso no cantinho esquerdo da boca, afundando suas covinhas.

Ter vontade de voar qualquer um tem ao ler um verso bonito. Agora: ter vontade de flutuar e levar outra pessoa contigo pra sempre... A vontade de ter os dedos de uma pessoa entrelaçados aos seus onde quer que esteja.. Pensar em combinações de nome + sobrenome... Sentir o pulso bater apressado ao ouvir barulho do salto que pode ser dessa pessoa. Bom, isso é uma coisa séria.

silêncio. o que se ouve são passos apressados, gente falando e o tiozinho distribuindo folhetos da lojinha que compra tickets-alimentação com taxas pequenas.

E posso dizer que minha "coisa séria" é você. Coisa pouca? Só se for o tempo que passamos juntos.

Abraço. Nada mais a dizer, sob pena de estragar o momento.

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Ps 1 - Possível declaração acontecida na entrada de um metrô da Av. Paulista - depois de um dia cheio de trabalho e dúvidas sobre o amor.

Ps 2 - Pode ser encenada sempre que necessário por qualquer par que se sinta transbordando.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

better together

Love is the answer at least for most of the questions in my heart

Tudo que é bom acaba?

É sempre assim. Em casa, o final de semana começa com o sorriso atravessando a face, de orelha a orelha.


O sábado cedo é repleto de comentários ainda sonolentos no caminho rodoviária-casa. O cheiro dos móveis me faz falta sempre e aproveito para senti-lo ao abrir a porta. O pão com café sempre à espera faz valer a pena a não-janta no dia anterior. O tempo dessa cena e é o tempo de me colocar a par do clima da casa.

A madrugada vai embora e o dia em si começa agitado, com toda a saudade que quer explodir pra fora. Parentes, visitas, bolos com cafés, abraços apertados, lágrimas de contos importantes, comentários soltos, sonhos divididos no caminho de casa, aquele cachorro-quente esperto e um boteco tranqüilo pra botar os papos em dia. É quando começo a colecionar abraços gostosos e sorrisos sinceros para que durem até minha próxima ida. Tudo fica pequeno, esqueço a correria e a conta bancária no vermelho, sorrio sem dor, flerto com a felicidade sincera e simples.

Já os domingos são sempre alegres, embora sejam dias em que meu relógio resolve trabalhar mais apressadamente. Casa da vó, com gente minha reunida, todos falando sem parar, piadas internas e externas. Matadouro de saudades funcionando a todo vapor. Até lavar a louça do churrasco me deixa feliz! Depois tem o futebol, com tios reunidos em volta de TV e por aí vai.

Mas vai chegando a hora e o sorriso desfaz a trégua. É domingo à noite e eu tenho que ir. Os tchaus tem gosto de saudade que vai doer a noite toda, latejar e lacrimejar a vista. Todos os abraços e bençãos deixam no ar um aroma de 'quero mais', inevitável. A vantagem da partida é a mochila cheia de guloseimas que a mãe sempre prepara – afinal, para ela, estou sempre abatida. Só se for de saudade...

A partida é uma realidade. Um sentimento delicadamente rude me invade e diz "a vida é assim, menina, acorde". Entre uma música e outra no iPod surrado, o sono vem me abraçando e o gosto de amargo fica pra segunda de manhã, quando a fumaça cinza volta a ficar sobre minha cabeça.

Bom dia?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Um quê de andar nas nuvens

A amiga de unha vermelha diz a Luiza que seus olhos brilham de dar gosto. O seu amigo que mora longe lhe falou ao telefone que sua voz voz é dona de um veludo anormal, uma suavidade bonita de se ouvir. A irmã mais nova de Luiza lhe afirma por A mais B que as palavras do seu último email vieram coloridas.

Por que? Ninguém parece saber e, provavelmente, Luiza também ainda não, mas um acorde de sua música de todo dia desandou e Luiza desafinou de um jeito que não se explica.

E você sabe o que mais não se explica? O a-m-o-r.

Uma saudade de estar perto, se longe; de estar mais perto, se perto. Essa angústia de não saber quando o trânsito dará trégua e você verá a pessoa que te faz sorrir sem motivos aparentes (só por ser especial e ter um abraço que se encaixe perfeitamente nos seus braços).

É segredo ainda, mas, quando Luiza fala ao telefone, desenha corações ao invés de quadrados. E quando ouve uma música de amor acha que foi feita perfeitamente para ela. Anda cantando pela rua, checa as mensagens minuto sim e outro também, folheia os livros de poesia de quando era adolescente, vê nas estrelas seres cúmplices como há tempos não enxergava, não anda e, sim, flutua.

Tem coisas que são melhores quando não explicadas.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

grita pra sorte que ela vem.

Via de regra, Laura não é moça de recados. Ela ri e chora e, como toda gente de bem, fala o que pensa e sente e sem-pre vomita em cima de alguém o que lhe dói - sejam palavras, músicas, sílabas, atos doídos.


Justamente por este motivo tem a alma limpa e devidamente alvejada. Magoa algumas pessoas, às vezes, claro, sobretudo aquelas que não gostam de ouvir verdades. No entanto, não deixa nada enrugar sua testa, tirar seu sono, arrebentar seu coco e quebrar sua sapucaia.


Mesmo assim, a opinião de Laura é que a tarefa de ser feliz é um tanto complicada, quando forças maiores lhe enchem as paciências até conseguirem colocar a pulga atrás da orelha. Tem gente pra tudo nesse mundo.


O segredo – e aí, vale dividir com o mundo todo de pessoas de bem – é a técnica usada por Laura para deixar a coisa ruim de lado. Ela grita para a sorte, repetidas vezes, até que ela venha e se sente bem ao seu lado, lhe mostrando o caminho para a paz e para a felicidade que faltava pra encher o pote. E não é que funciona?

Por vezes, tem uma quase certeza de que não vai conseguir, mas tudo dá certo no final - se ainda não deu certo, é porque o final não chegou.