segunda-feira, 30 de agosto de 2010

(a falta de) procedimento.

Na gaveta do criado-mudo, o meu estado de espírito grita. Ao abri-la, vejo aspirinas, um guia de viagens, fotos antigas, poeira e um pequeno livro de poesias aposentadas.
Não sobra tempo para renovar o que há lá dentro da gaveta – quem sabe colocar fotos cheias de sorrisos, um livro feliz e um vaso de flor na estante?
É que tenho me sentido um desastrezinho que se esparrama pelo chão. Um punhado de açúcar que cai pra fora da xícara.
Pre-ci-so de procedimento.



terça-feira, 24 de agosto de 2010

amor aos detalhes.

Um aperto dói no peito e o coração perde um pouco do pulso, quase saindo pela boca. É quando você me diz coisas em primeira pessoa. A sua pessoa... E eu tentando rebater que o “nós” já é. Quero sumir. Quem sabe desaparecer de-pressa? É um estar de quando o sinal não abre logo para atravessar a rua. E é uma rua longa, que toma longos minutos para ser atravessada. Somo a isso a sensação de que a vida anda mais rápido que minhas pernas e não dá tempo de assistir a nada. E você ali do meu lado, segurando minha mão, a gente cultivando sementes. Mas para onde vamos?

E enquanto esperamos a vida deslanchar, queria uma lua gigante no céu e um clima agradável pra continuar a feliz com você, dizer eu te amo e ouvir eu também, receber um carinho no rosto enquanto um vento derruba uns fios de cabelo no meu rosto e você o tira com suas mãos. E se a lua não vem, eu poderia desejar apenas um sol para iluminar tudo e nos dar aquela cor bonita que só os apaixonados têm no rosto.

Quem sabe estar de mãos dadas com a sorte sempre? Ajudaria... E ter um Deus por perto para, em todos os momentos, me contar como as coisas funcionam e por que a vida demora a acontecer. Quem sabe sorrir mais do chorar e trabalhar menos do que ir ao cinema com você? E que tal pensar menos nos problemas e mais na batalha que enfrentamos pra chegar até aqui?

Eu só queria abraço e compreensão de sobra. Isso, sim. Sorrir sem motivo, encontrar motivos banais para cantar pelas ruas, olhar menos no relógio, sentir menos a dor incômoda no estômago, pensar que a saudade é só um estado provisório a ser modificado na próxima viagem pra casa. E o principal: queria que você entendesse que o amor é uma casa que pre-cisa de cuidados e atenção aos detalhes. E eu quero minha casa bem cuidada.

domingo, 8 de agosto de 2010

Hoje, mais de uma vez, me perguntei se eu deveria chorar por nosso filme estar no "pause" há algum tempo. Refleti se deveria tentar me comunicar com você ou deixar um recado na sua caixa novamente, como nos anos anteriores. Até tentei me comover, fuçando algumas gavetas, onde encontrei seu livro de poesias baratas. Revolvi algumas fotos da gente sorrindo em festas ou finais de semana felizes e, com muita imaginação, quase pude sentir seu cheiro característico. Não chorei, graças a não sei o que. Estranhamente, a vida me deu essa calma preciosa para encarar a saudade que eu tenho daquela pessoa que você foi, porque essa pessoa que você é hoje não me faz sentir nada. Mesmo com todas as circunstâncias, eu amo seu eu anterior de um jeito bem forte e potável. E faço um esforço para que todas as manhãs eu pense apenas nas coisas bonitas que você me disse na época em que você fazia um personagem mais digno. Em seguida, eu junto as mãos em oração por você, apenas torcendo para que seja e esteja feliz, como pediu quando se afastou. E o filme continua...